quinta-feira, 15 de novembro de 2012

a voz

sem saber que voz é essa, respirava
como um passe terminado e seus segredos
e aos faróis de uma só espingardágua
fazia suportar os próprio medos.

se gostasse tanto era lua, que grávida
aos seus pés, de encanto, explodiria
e tanto menos do que constantemente
sua fronte desses encantos se valia.

volume repleto de nós  força

lembrar, ato permanente
espaço superirrestrito
e tantas distorções se contava
gomas de mascaras da mente


domingo, 2 de setembro de 2012

poligonos ferrexuberantes
basta saber abri-los

e as senhas se enfileiram ali
exatamente aonde Rubbia lhes trazia o almoço

nomes..

sábado, 3 de setembro de 2011

a harpa

Enquanto você dormia, declarei a paz de dois mundos, e enlacei dois mundos.
Depois, corri descalça com o laço na mão pelo lado de fora. O chão estava quente.

Enquanto você dormia, aprendi a tocar harpa cicatrizando mautempos.

Tormenta, uma fila harmônica inteira...
Eram dois mundos grandes e muito barulhentos...

Enquanto você dormia, joguei iscas para nosso almoço.

E de repente acordou Dia.

e Havia, algo em seu olhar
(como se ficasse iluminado ao me ver)

domingo, 7 de novembro de 2010

Anandoham

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Onde há um medo, há uma força...
Entender um medo se parece com acessar um recipiente transbordante de energia...

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domingo, 31 de outubro de 2010

verve II


um chá com a loucura
em mim envolvida
me olhando deitada longa sobre um piano, plantas dos pés madeira, peitos dos pés pousando, tocando o piano e 
dizendo: -"go easy on me."
pensando em morte como quem arrisca..
passando a ferro todos os segundos..


mas música não mente


1) isso já saiu do meu controle


-"esquece" 


2) mas a mente, ela já não ouve


vejo um porto
conforto (um gosto primeiro que jamais sentirás)
aperto o passo

quero alcançar
ultra-passar benfaz-me
do verbo "benfazer"


3) melhor brecar com tudo.


quando perco as contas é porque já sinto... tão claro fogo elementar
e nós lá, fagulhas infâmes, incendiários da mente

eu digo:
-"mas, vc sabe, parte disso é apenas um nada que me orgulha..."
pausa
-"vc sabe, essa festa..."
pausa
-"como saber?" (você diz)
-"talvez pelos saltos no escuro e uma aversão a pimentas" (um não querer olhar de perto)

4) o peito imóvel prende o ar, valido um suspiro..
tua voz forte no outro olho da linha:
-"eu quero te dizer que está tudo certo
e que interessa o que souber viver,
que folgue em... alguma coisa
do verbo "folgar"...


é a voz de alguém que não se envolve em mim

sábado, 16 de outubro de 2010

basta que se sinta

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alívio
válvula volúvel

não me devolva mais
dissolva-me libido

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domingo, 8 de agosto de 2010

costas

as costas quebram-se ao meio
(revele a cor dessas costas)
pesos-mortos relevos
ombros cargas-nervosas

as costas estalam sua história
ajeitam seus ossos-apostas
olham o chão desejando
beijam as mãos que as encosta

costas farpadas presentes
tronco couro, um imã
um manto de ossos-silencio
possuem meu corpo
pele a pele
noite e dia...
noite e dia

suspende de um topo essa carne

domingo, 31 de janeiro de 2010

velvet

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pratico o fogo marginal
(puri-fique o ar que te envolve)

no meu reino de suspenses velados
só veludo
um novelo da própria história de um mundo

pratico a fome como um pecado
e o tempo como um dilúvio

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ssssssssssssssssssssssssssssssssss...

um dragão meu aguentaria

e com a água toda em cristal luminância

como bichos pequenos que se afeiçoam

ao simples ato de se balançar na gente



(ríriamos muito disso hoje em dia)



sssssssssssssssssssssssssssssss escuta...
o telefone toca noutra vila
sssssssssssssssssssssssssssssss ouve...
passos pousam noutro continente
e aquela...sssssssssssssssssssssssssssssssssssss respiração quente

o fogo pelas ventas tortas

consente


deus sabe aonde isso acaba


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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

saliva

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descolo os dedos todos de um só colo e afogo

somente um poço sabe
dos ecos de uma tarde

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

resumo elétrico

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it smells electric, when skies resume:


não faltem com meus excessos.

nem mandem meus segredos por recado.

sequer tentem me ver por outro lado.

apenas missangas de mim em seu braço,
pêlo eletrostático.

it smells like a resume.


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quarta-feira, 8 de julho de 2009

rotação

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a minha garganta é feita de todos os sons deste mundo
o céu da minha boca fumega agudos cortes de estrelas
miados, sopranos, cavidade, seios da face e acústicas
falsete: um grito perante ti elucida
rasgo um tímpano exceto (há muito que é bom)

arranha-céu


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sábado, 6 de junho de 2009

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sus-tentáculo

me nasce um vento insone em pé
curvo-me
cresce uma fé avoada de outono
vento parapente que derruba meu sono

deito-me nas folhas dos teus livros perce-vejos muito bem adaptados
fixa-mente em cortiças isolantes
disputando vôos sobre os oceanos
livre das descrenças do corpo no tempo

instável vento em sua direção
derrubando sustos apagando feitiços
fumaças
tóxicas de cura

todo refúgio é um ato pagão
todo começo é uma urgência de incêndio e perdão



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terça-feira, 26 de maio de 2009

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entendimento

solene e sem fio
inexiste

apesar do todo ser feito desse mesmo aço dos meus braços
inoxidável-mente-verdade que se torna

cabeça-aço intensa especula verdades próprias
cabeça-aço intensa especula verdades próprias

o ex-petáculo se inter-rompe

não há entendimento capaz de me ver inteira




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quarta-feira, 29 de abril de 2009

sobre a gravidade

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Em estado de cena, falava de si por filas de palavras.
O peso da bebida em seus olhos, um nó na garganta. Um uivo.
Dizia: -Sua ausência é a responsável pelo meu ato mundano.
Enquanto uma força precisa arrastava sua linguagem para o mal que podia fazer a si mesmo.

Pausa. Lençóis de água rasgavam-se em ondas contra dentes brancos.
Uma árvore genealógica de folhas novas. Incidente fútil, infantil, sofisticado, obscuro, apenas presa do seu imaginário. Como o uivo.

Me instalo num café, as pessoas vem me cumprimentar, mas vc não está.
Eu te convoco em mim enquanto manipulo fatos, crio sentidos.
O incidente é um signo, não um indício. Como o uivo.

Tudo a machuca, minha risada, minha fome, minha persistência, minha indiferença, tudo...
Eu digo:-Vamos para onde olhem a gente nos olhos.
Te faço voltar na mesma proporção que te esqueço, contrariando as leis da gravidade.
Com meu uivo.

Eles existem. Correm sobre os oceanos, se alegram dos seres da noite que os habitam, frequentam os festejos escondidos em locais remotos do alto-mar, conseguem lidar consigo mesmos ao olhar para o ensurdecedor horizonte, amam os estados de tempestades noturnas e naufrágios (eles querem estar à deriva), queimam oferendas ao vento por conhecerem a dignidade das cinzas, produzem um certo som de encantamento que se perpetua na linha entre a água e o ar, e que invoca a água dos olhos.

A alcatéia inteira sorriria se acordasse mais vezes ao relento.
Sol, fome, sol, sede, sol, sono, sol, dia, sol, noite, sol, chuva, sol, encanto.


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