segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"lat den rätte komma in - deixe ela entrar "

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abismo irremediável de serpentes
sujeitas ao naufrágio ou à glória...
suscinto, absinto, con-sinto
deixe ela entrar e terá sua história

...amor que se escolhe, que se começa por pura escolha sóbria
o jogo consiste em encontrar a parte
que nos recolha antes de qualquer memória
(confiar nos ecos e no cheiro do sangue)

amor que se deixa entrar
sem pôr a prova
deixar que se entre, esse amor

amar o vampiro em nós
abismo curto para quem voa...


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Lat den Rätte Komma in - Sweden, 2007
"Deixe ela entrar"

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

cor_ar

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hoje o sol vai corar as roupas todas do meu varal
hoje o sol vai dourar os pêlos todos do meu braço
meu abraço corado
cor de amasso
cor de beijo bem dado
vestido cor de pele

pull_ar

sossego...


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domingo, 19 de outubro de 2008

sus

...sustento o suspense

suspiro suspenso
sonoro afeto

superaremos
suspenderemos o teto

ou no susto
seremos suscesso...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

schwartzwald

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palavra móvel
um móbile à corda
poderia sim inventar segredos aos montes perto de vouz-rendez
segredos à corda

se estás espreitando em busca de conforto
suplique agora meu nome ao vento
e acorda o vento

poderia sim fazer chover mais certo do que suas hortas
mas tudo é equilíbrio de metades, vc disse
equilíbrio à corda

portanto, esse olhar de floresta negra, sossega.
essa insuportável solidão de floresta

sol do outro lado da rua...
(a travessia às vezes é insuportável)

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no subject

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...fugiram todos para o mesmo lado?
correram contra o vento de braços dados aos mil

olha que se vc me disser que fugiram todos,
vou estar a acreditar um bom bocado a mais na loucura dos fados!

podemos começar?
eles vão voltar...


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palavras triangulares

star
mao all-star
mal estar
ami go-star
sal
all

polêmicas de bolso...

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um vento suspenso,
final de semente,
final de semana
ana que ama

ouvi dizer que apenas as pedras poderiam entender,
essa vibração constante a ponto de ser sentida a arrepio,
quase simulacro...

ontem escoava-se um tempo novo,
era uma espera aberta aonde o futuro é o daqui a ...pouco
(pensar nisso me relaxa)

mas vamos juntos ao relento,...
esse solo a nós pertence.

ontem escoava-se um novo lastro
de ana que ovula e ama
evolui a pele..

sementesimples

(apenas os mais sôfregos dentre nós se cansariam)
sonora serena e sincera sorte sábia
e todo o amor que houver nessa vida...








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domingo, 12 de outubro de 2008

a foto acima...

...é do filme "Versailles", de Pierre Schoeller.




O menino que corre é Enzo...
Ele significa toda uma era em rascunho...


(photo by Guy Ferrandis)

sobre o sangue...

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das fagulhas


das agulhas
desse amor desavisado
costurado no descuido de um momento breve
enquanto olhávamos, distraídos para o mesmo lado


(um segundo apenas)
de descuido anestesiado


mas eu não quero falar desses dardos

cicatriza em mim o silêncio
a pele descansa sua dor


eu não quero falar
não quero abrir os pontos
desse amor costurado a seco


ou

abra-os em mim
e que sangre enfim...

mas se abrir, que seja com cuidado
temos tempo...


...

sábado, 11 de outubro de 2008

no ônibus

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exausta
de saudade
e desse instinto insistindo
que tudo que está em quadro sou eu me repetindo

repleta
rodando em falso
desgaste, atrito chama que lavra
meu solo sossega
frutos que dormem em meu ventre
flores, que roubo, para dar um ar aos seus cabelos

coração semente e polpa
descobre o gosto das coisas
me pensa inventando demoras
demoras novas

porque aqui tudo cresce com uma pressa que eu nem sei
novas e frescas demoras

o gosto delas adocica
essa saudade-sal

saudade que só se frutifica...


...

o dormir

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meu sono é leve
quando se trata de você
entrando
em nosso quarto...
e a mim
se voltando
sonho de pele
sendo um só comigo e tanto

é tanto

meu sonho é love
quando seu corpo todo me envolve
em um só respiro

como esse dormir em ti me comove...


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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

sobre o desperdício...

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desperdício, alívio, síncope
para mim ou para vc

cada segundo livre me faz querer desesperadamente outro exatamente igual
se soletrar nao requer saber escrever, viemos para esse amor.
libertae quae seras tamén

esquivo-me das respostas certas
nao concebo a humanidade dos outros...
suspiro meu extremo medo de ser um todo

lembranças de um certo frio paralisam meus lábiosvapor quente porém
pudera me entender pudera me querer por todos os porosperca-me, e me encontrará

as maiores verdades, meu bem, foram ditas entre um afago e outro
já não mais construo frases tudomoldado demaisvejo vc partir e issomefaz ter sono
(sonambulamente, ganho as vidas que pude conceber acordada)

mais um momento
mais um nao sei que irrisório
mais uma frase longa demais, um gesto fraco demais, uma expectativa tola demais

paramos

entre parenteses soluço minhas regras todas de uma vez
meu bem, mais um passo e eu me passo sem volta

naquele dia só não escolhemos foi o nome da brincadeira
lembra?

rir, o último golpe
irdiluir
maos dadas
ou maos ao vento? cabelos presos?
riso solto riso envolto sussurro seu nome
(e, mais uma vez, quero essas letras)

...o começo do alfabeto, sozinho, já me consome.

um alento um alivio qualquer, desde que seja agora...
mesmo que lento
desde que aflore...


...

domingo, 5 de outubro de 2008

sobre um pouso...

...agora mesmo um gosto de chá na boca, um leve balanço de criança interrompido por um cão sedento de calor humano... agora mesmo um retrato de quem anda com os olhos lentos de lágrimas... agora mesmo uma pressa por ler a última página, ver o resultado das minhas próximas eleições, sem justificativas ou voto nulo... e assim mesmo andava especialmente difícil achar a música ideal capaz de acalmar o meu ar interno... hoje mesmo vi o mundo fora nós e o deixei encarar meus grandes olhos... (o efeito ainda me é desconhecido...)

talvez por isso mesmo essa passada tão controlada de quem anda sem qualquer direção... uma certeza de que só esse agora mesmo existe, o resto são dejavús sonhados e alimentados por outras bocas. se por um momento eu pudesse parar e passar a limpo todos esses dias, queria ler pra vc as frases iniciais desse meu ar de memória desavisada, do tipo que nem imaginava que seria consultada, memória aposentada...

agora mesmo um pouso de mim fora do meu corpo, uma sorte por muito pouco, um soluço louco encoberto por um véu de medo por quase nada... agora mesmo uma viagem desmarcada, uma filha adotiva rejeitada, um grito pela janela não dado, mãos que se soltam, brilhos que se apagam, ordens que se encerram, solidões que se avolumam, e todo o resto...

antes mesmo que me passe pela cabeça o pensar passo perto da sua casa e me consolo com a sua voz amiga... e com vc me confesso, me acomodo, me isolo, me esqueço, me aqueço, me encontro... meu desejo, dormir sob seu melhor beijo, abrir a porta do corpo interior inteiro - ir ver o mar a mor, ser o que o seu coração precisar. Amanheço com muito sono... e como se nada disso bastasse ainda sonho que moro em seu prédio e tudo fica derepente, tão perto...


agora mesmo eu procuro uma desculpa pra não te encarar
e outra pra não ir embora...

agora mesmo toda uma vida aos seus pés jogada fora......