domingo, 5 de outubro de 2008

sobre um pouso...

...agora mesmo um gosto de chá na boca, um leve balanço de criança interrompido por um cão sedento de calor humano... agora mesmo um retrato de quem anda com os olhos lentos de lágrimas... agora mesmo uma pressa por ler a última página, ver o resultado das minhas próximas eleições, sem justificativas ou voto nulo... e assim mesmo andava especialmente difícil achar a música ideal capaz de acalmar o meu ar interno... hoje mesmo vi o mundo fora nós e o deixei encarar meus grandes olhos... (o efeito ainda me é desconhecido...)

talvez por isso mesmo essa passada tão controlada de quem anda sem qualquer direção... uma certeza de que só esse agora mesmo existe, o resto são dejavús sonhados e alimentados por outras bocas. se por um momento eu pudesse parar e passar a limpo todos esses dias, queria ler pra vc as frases iniciais desse meu ar de memória desavisada, do tipo que nem imaginava que seria consultada, memória aposentada...

agora mesmo um pouso de mim fora do meu corpo, uma sorte por muito pouco, um soluço louco encoberto por um véu de medo por quase nada... agora mesmo uma viagem desmarcada, uma filha adotiva rejeitada, um grito pela janela não dado, mãos que se soltam, brilhos que se apagam, ordens que se encerram, solidões que se avolumam, e todo o resto...

antes mesmo que me passe pela cabeça o pensar passo perto da sua casa e me consolo com a sua voz amiga... e com vc me confesso, me acomodo, me isolo, me esqueço, me aqueço, me encontro... meu desejo, dormir sob seu melhor beijo, abrir a porta do corpo interior inteiro - ir ver o mar a mor, ser o que o seu coração precisar. Amanheço com muito sono... e como se nada disso bastasse ainda sonho que moro em seu prédio e tudo fica derepente, tão perto...


agora mesmo eu procuro uma desculpa pra não te encarar
e outra pra não ir embora...

agora mesmo toda uma vida aos seus pés jogada fora......

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