segunda-feira, 20 de abril de 2009

outono

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Lembro do dia em que te reconheci. Foi num outono desses, como tantos... vc me viu enlouquecer aos céus daquele outono todo, velando meu sono, evitando que eu entrasse naquelas brigas feias em plenos salões de poker da Rua Anatole, pousando bifes sobre meus olhos injetados, pagando prestações atrasadas do meu sofá empoeirado, me mostrando o pôr-do-sol de Friedrichshain, fazendo dos seus jantares vegans pra mim o tempo todo...............


..............ora vc sabe, um olhar sobre minhas mãos e era como se houvesse uma carta com tudo escrito sobre mim que vc havia lido antes de ir ao meu encontro e esse alento que vc me dava de quase um frio e eu podia te esquentar um pouco com uns movimentos rápidos sobre seu casaco de lã e vc sorria sempre enquanto andávamos próximos como dois amigos e gostávamos de ter um ao outro no outono todo e acordávamos apenas para nos telefonar e contar qualquer sono besta e gostávamos do cheiro da rede de cafeterias 01 minuto mas vc achava o gosto do café forte demais e sempre me dava sua metade enquanto os tipos mau-humorados grunhiam para liberarmos o balcao, mas era confortavel pra vc ficar de pé sobre o aro de apoio do contorno do balcao das cafeterias 01 minuto, além do que eles poliam as máquinas a toda hora até ficarem douradas e gastas mas a luz era mesmo bacana sobre elas, era bonita mesmo, e vc sempre queria tirar umas fotos bestas daquelas máquinas com seus vapores........................ e agora, enquanto te escrevo essas palavras, vejo que eu já nao sei mais como seria se eu não pudesse enlouquecer de outono, sem ter voce nele...


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